segunda-feira, abril 13, 2009

This music ain't your fuckin' industry

Nesse feriado acabei indo três dias seguidos numa livraria e vi algumas revistas de musicas gringas sem plastico para proteger, então fui dar uma olhada no que está rolando e o que será que logo pode estar chegando por aqui. Vi algumas coisas interessantes, vi bandas que conheço a algum tempo sendo apontada como novidade, fiquei surpreso (e feliz) em ver o The Gaslight Anthem na primeira pagina da Alternative Press e com uma reportagem de bastante destaque. Ler essas revistas sempre que possível é um habito que pretendo manter por muito tempo, porque não dá para ficar esperando as coisas chegarem aqui para ouvir. Tenho até uma historia engraçada sobre isso, pois conheci Fall Out Boy em 2005 através do meu ex-patrão, achei excelente o recém-lançado From Under the Cork Tree, e Sugar, We're Going Down uma excelente musica. Quando a banda começou a fazer sucesso no Brasil, e essa musica virou hit, me senti incluído no meio de um pessoal que só conheceu essa musica pelo o radio e se acham extremos conhecedores de uma banda que eu conheci meses antes, e nem me gabava disso. Hoje a banda mudou os rumos e não me agrada mais, porém eles tem muito mais fãs que na época que eu conheci, e mais dinheiro.
Quando eu estava folheando as revistas gringas, fiquei chateado com a quantidade de propaganda que a revista tinha. Está certo, propaganda é o que mantem a revista, e propagandas de instrumentos e tours são legais de ver, a pessoa fica com vontade de comprar aquela guitarra que o cara de tal banda usa ou com vontade de ir no show com três otimas bandas que dificilmente poderiam vir ao Brasil juntas. Mas o que me deixou chateado e surpreso foi com a quantidade de propaganda de bandas, é como o Henrike do Blind Pigs canta, Rebeldia virou uma fatia do mercado. Parece que as bandas deixam se vender, não fazem nada pela o tesão da musica e sim, pelo o dinheiro que isso pode gerar. Agora vou usar um exemplo fora do mundo que costumo expor aqui, o Racionais Mc's com o disco Sobrevivendo ao Inferno, o grupo de Rap, vindo da periferia, que lançou o trabalho de formar independente, sem a divulgação em grandes veículos de mídia, conseguiram vender mais de 1 milhão de copias. As musicas eram boas, tinham conteúdo, fez as pessoas irem atrás para comprarem o disco, devia ter algo que fazia o disco ter algo interessante, diferente do que estava na mídia, sendo enfiado goela abaixo. Então será que realmente funciona se expor na mídia? Deixar ela esgotar o artista e depois ficar cobrando algo que supere o anterior?
Quem é mais importante: os fãs que conheceram a banda antes do auge e a seguem até hoje ou os fãs que conheceram no auge e vão deixar de ouvir o disco quando a proxima moda chegar?
Voltando ao Punk Rock, é muito comum as bandas no começo lançarem trabalhos independentes e quando assinam com uma gravadora são chamados de vendidos. Eu estava lendo num blogger de um amigo, uma coisa que me deixou muito surpreso.
Como um dos selos mais conhecidos do Punk Rock, a Fat Wreck Chords, tem uma politica que vai tão anti-ética ao Punk Rock e até mesmo contra uma letra do Fat Mike, proprietário do selo, baixista e vocalista do Nofx. Qual é a politica? A banda assina com o selo, e este fica com os direitos da banda vendendo os discos e merchandising da banda, e logicamente ficando com uma boa parte do lucro. Se a banda gera um bom lucro, pode ir tocar no Vans Warped Tour, e mais lucros vão surgindo para o selo.
Isso é bonito, é legal, quase toda banda do estilo sonha em assinar com uma Fat Wreck ou Epitaph Records (selo do Brett Gurewitz do Bad Religion), e participar desses eventos como o Warped Tour, e alcançar o maior sucesso possível através da sua musica e sua guitarra/baixo/bateria.
Porém, quando a banda não faz os lucros necessários, através de clausulas nos contratos, a banda pode ser simplesmente, dispensada pela gravadora, como uma gravadora comum faz. Assim, pudi compreender, porque tantas propagandas de bandas em revistas de musicas. Tem que vender, tem que agradar o bolso do dono da gravadora. Até o Punk Rock se rendeu a industria capitalista da musica, e isso é triste, se for lembrar que algum desses caras, lutaram para divulgar suas bandas, sem precisar dessas gravadoras sanguessugas, e um dia foram independente e tinham orgulho disso.
Na minha opinião, perde aquele espirito que o Punk Rock tinha desde os anos 70 e que ficou muito comum com o Hardcore nos anos 80, do Do-it-Yourself, de ser independente, as bandas se ajudarem, sempre ter alguem querendo ajudar outras bandas, ás vezes, tirando dinheiro do próprio bolso para poder ajudar uma banda a lançar o seu disco e sair com ele debaixo do braço e vender nas banquinhas durante o show, junto com as camisas e bottons. Acho que isso é falar que é o trabalho dele manter o Punk Rock na elite e falar que esta musica não é da industria.

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