sexta-feira, julho 23, 2010

#63 - Entrevista: Passa-Mal (Lomba Raivosa)

Alguns devem conhecer o César "Passa-mal" por causa do Lomba Raivosa, ou por sua ex banda, The Razorblades, ou por que foi um dos sortudos que, recentemente, teve a honra de tocar ao lado de Richie Ramone e Mickey Leigh. Outros, podem ter visto ele na coluna hype do Lucio Ribeiro como o garoto que entalou na porta do banheiro da Outs. Mas se ainda assim, você não o conhece, pode saber mais um pouco sobre ele nesta entrevista. Convidei ele para bater um papo com o Game'n'roll, e ele aceitou traquilamente responder algumas perguntas sobre games e música.

Game'n'roll: Quando você começou no mundo da musica? Quais bandas te influenciaram?
Passa-mal: Cara, isso aí é meio relativo. Se for fazer uma linha do tempo maluca assim, eu comecei ouvindo The Doors, Pink Floyd e Raul Seixas por culpa do meu pai, ele tinha uns LPs muito doidos. Eu lembro que quando tinha uns 8 anos pirava na capa do Doors, com o Jim Morrison naquela pose clássica, achava que era tipo um Jesus Cristo.
Mas por conta própria, a primeira banda que ouvi mesmo e gostei mesmo foi o Aerosmith, na época do Nine Lives e tal. Aí veio Oasis e logo em seguida me apareceu o que ferraria minha vida pra sempre: Green Day. Foi com eles que descobri o que era um baixo e desde a oitava série eu já queria ser baixista e ficar doidão. Nirvana e Ramones também pesaram muito logo na sequência. 
Mas assim, influência direta no jeito que eu toco acho que é tudo de mais desleixado que tem, apesar de também curtir umas coisas levemente trampadas. NOFX, Holly TreeGreen Day, acho que foram as que mais me influenciaram no começo.

Game'n'roll: Você também foi influenciado pelas bandas das trilhas sonoras do Tony Hawk?
Passa-mal: Porra, demais! Conheci muita banda pela trilha do primeiro e segundo Tony Hawk. Era uma época que a internet nem dava sinal que seria essa loucura toda, tão fácil de baixar CDs e conhecer 100 bandas num dia. 
Suicidal Tendencies, Dead Kennedys e Suicide Machines foram bandas que conheci por conta do primeiro Tony Hawk, lá em 1999. Acho sensacional as trilhas de todos os Tony Hawk, eles mesclam bem os estilos das bandas e tem muita coisa ali que ninguém conheceria tão facilmente.

Game'n'roll: Quando surgiu a ideia do Lomba Raivosa? Por que este nome?
Passa-Mal:
Esse nome horrível veio quando eu estava tocando em Campinas ainda com o The Razorblades. Depois do show todo mundo tava completamente bêbado e retardado, resolvemos comer uma pizza e uma hora comecei a falar pro Testa que queria montar uma banda nova, de punk podre, bem horrível, que fosse bem raivosa mesmo. Foi quando veio a idéia e já gritei: "Tem que chamar Lomba Raivosa!"
O lance do "Lomba" é porque me chamam de lomba às vezes, graças a história de eu ter ficado entalado na porta do Outs, preso pela lomba. Foi assim, nem achei que a banda fosse virar real nem nada, era só pra ser uma brincadeira de bêbado.

Game'n'roll: Voltando um pouco no tempo, só para tirar uma dúvida. É verdade que a primeira demo do The Razorblades (912 Days in Vain) foi feita toda em casa? Se sim, como vocês fizeram para gravar? Já que  o resultado foi muito melhor que bandas que pagam horas de estúdio, e fazem coisas tão ruins.
Passa-Mal:
É verdade sim, gravamos tudo na casa do Cani, num estúdiozinho que ele tinha montado. Foi muito faça você mesmo essa parada, ele manja algumas coisas de gravação, tinha uma placa de áudio boa, uns mics. Enfim, o equipamento necessário pra fazer uma gravação caseira bacana. 
A gente levou um tempão gravando tudo, coisa de uns oito finais de semana assim. Queríamos que ficasse bem legal por ser a primeira vez que a gente gravava músicas nossas, então fizemos o melhor que dava na época. Éramos só nós dois na banda, o próprio Cani gravou  quatro músicas na bateria, sendo que em outras chamamos um conhecido pra tocar. Isso aí do resultado ter ficado legal, eu te agradeço pelo carinho!  (risos)
Ouvindo hoje, eu acho o CD legal, é bem inocente, mas é legal. O segredo para o som ter ficado bom é que mixamos com um amigo nosso, do Estúdio Cativeiro. Ele deu um grau de tipo, 300% no som original. Mas acho que hoje em dia dá pra se fazer coisas bem bacanas em home studios, não há dúvida, falta de grana não é mais desculpa pra não gravar.

Game'n'roll: Quem acompanha seu blog/flog sabe que você costuma em ir em vários shows internacionais. Qual foi o melhor que você já viu até agora? E que banda você gostaria de ver de perto?
Passa-mal:
Já vi bastante coisa, mas também perdi muita coisa por falta de grana, vida de merda é assim. Acho difícil escolher o melhor show de todos, mas tem uns que marcaram demais. O The Hives em 2008 foi impressionante, eles são monstruosos ao vivo, uma performance que cansa só de ver. 
O NOFX esse ano foi muito especial, tinha perdido show deles em 2006. Dessa vez eu estava doidão e era o primeiro colado na grade, morrendo de calor naquele lugar de merda que escolheram pra fazer o show, mas mesmo assim foi absurdo, teve muita emoção em jogo. E também o Foo Fighters no Rock in Rio 3, primeiro show que fui na vida, naquele mar de gente, foi cabuloso! Acho que esses três empatam no topo. 
Pô, banda que eu queria muito ver era o Green Day, logicamente, mas agora eles estão vindo e vou resolver isso. Pra ser sincero, das bandas vivas, a que eu queria muito ver é o Queens of The Stone Age, pra mim é a melhor banda de 2000 pra cá.

Game'n'roll: Quais discos você tem ouvido ultimamente que você recomenda?
Passa-mal:
Essas últimas semanas eu tenho ouvido muito o "Scrambles" do Bomb the Music Industry!, "Phrazes for the Young", o CD solo do Julian Casablancas, "Blue Album" do Weezer e acabei de conhecer e viciar numa banda, The Anniversary. Tô pirando no CD deles, "Designing a Nervous Breakdown". 
Agora pra recomendar, eu só recomendo Bomb the Music Industry! pra todo mundo nos últimos tempos. Porra, eles liberam os CDs de graça, tem letras fenomenais e um som absurdo. Foi a banda que mais gostei ultimamente, recomendo demais.

(Nota do Editor: acesse a Quote Unquote Records, conheça o Bomb The Music Industry e outras ótimas bandas, baixando discos de graça)

Game'n'roll: Quando você começou suas aventuras no mundo dos games? Qual foi o seu primeiro console?
Passa-mal:
Comecei com uns sete anos, meu primeiro videogame foi o Megadrive. Já tinha jogado Atari antes, mas não esqueço até hoje como foi a primeira vez que vi o Sonic rolando. Tinha ido na casa de um tio e pouco antes de ir embora ele me chamou pra ver uma coisa que tinha comprado, entrei na sala e ele ligou aquele treco, só lembro que fiquei hipnotizado pelo porco espinho demente. 
Voltei pra casa e sabia que ia ter que pedir aquele negócio pros meus pais, fiz isso por uns 6 meses e no Natal ganhei, quase me mijei inteiro jogando. Joguei por um dia sem parar, vestindo a gigantesca camiseta GG do Sonic que vinha com o videogame.

Game'n'roll: Alguma história engraçada ou bizarra que aconteceu enquanto você jogava?
Passa-Mal:
Ahh, eu não vou mentir, eu sempre fui meio erotizado com os jogos. Vai dizer que você nunca deu pause pra ver a Chun-Li rodando de ponta cabeça com a calcinha aparecendo? Eu fui um pouco além, com aquela garota que ficava balançando a bandeira na largada do Cruisin´ USA, mas enfim. 
De engraçado mesmo, teve uma vez que tentei ensinar meu pai a jogar Mortal Kombat II, ele odiava quando eu usava o Sub Zero e usava a magia de congelar, uma hora ele gritou "Não usa mais essa merda!". Aí, juro que fiz sem querer e levei o maior pescotapa da minha vida.

Game'n'roll: Algum jogo já te influenciou para alguma letra ou já pensou em escrever uma letra com referencias de games?
Passa-Mal:
Tem uns jogos que tem histórias bem fortes e sempre dá pra pegar alguma referência, como se fossem filmes. Aliás, tem games que pra mim são como filmes interativos. O GTA IV deu uma influenciada em alguns pensamentos, tem partes bem boas na história dele, mas não sei te dizer qual letra tem influência direta e clara disso, acho que é mais como um todo. Bioshock, Silent Hill, No More Heroes, são exemplos de jogos que tem boas referências pra músicas, tem uns textos muito bons.

Game'n'roll: Qual fase de jogo você mais quebrou a cabeça para passar?
Passa-Mal:
Essa é foda, é meio ridículo mas foi o templo do fogo do Zelda: Ocarina of Time. Ele é um dos templos mais fáceis, mas tem uma parte que você precisa saltar e agarrar uma plataforma onde tem uma porta. Acontece que a primeira vez que eu saltei não consegui agarrar na plataforma e ela é realmente bem mais alta que o normal, não parece que dá pra se agarrar naquilo, é mal feito. 
Isso custou quase um mês da minha vida. Fiz de tudo, comecei a dar espadada em todas as paredes do templo igual um retardado, pra ver se a parede era fina e dava pra estourar com bombas. Foi um pesadelo nerd. 
Aí fiz uma coisa que até onde sei só eu fiz, terminei o tempo da água antes! Aquele maldito templo difícil eu consegui terminar e o do fogo que é facinho não conseguia. Até que apelei pra um detonado e lá tinha a foto do Link pulando direto pra plataforma, mostrei pro meu amigo e testamos juntos, deu certo e ficamos com a maior cara de idiotas do mundo.

Game'n'roll: O que foi mais difícil de passar? A fase do fogo do Zelda: Ocarina Of Time ou desentalar da porta do banheiro da Outs?
Passa-Mal:
(Risos) A do Zelda com certeza, levei um mês pensando naquilo. O banheiro foi só 40 minutos de sufoco e eu estava bêbado, nem lembro de quase nada.

Game'n'roll: Algum jogo está fazendo você ficar horas jogando e esquecer da vida?
Passa-Mal:
O último jogo que consumiu muito minha vida foi o GTAIV, tenho 120 horas nele.
Tenho alguns jogos pra terminar que ainda não consegui arrumar tempo, é difícil se concentrar nisso quando tem amigos loucos te chamando pra beber ou tocar.

Game'n'roll: Que bandas você acha que merece ter um Guitar Hero ou Rock Band exclusivo? Por que?
Passa-Mal:
Acho que até agora as escolhas foram bem justas, Metallica, Aerosmith, Beatles, Green Day, são bandas gigantes que funcionam muito bem com a dinâmica desses jogos, cada um na sua. 
O Van Halen já achei desnecessário, eu e meio mundo. Acho que seria legal um realmente bem feito do AC/DC, aquele ao vivo não foi muito caprichado, porque é uma das melhores bandas pra festas e esses jogos são pra farrear, então casaria muito bem.

Game'n'roll: O que é melhor? Juntar os amigos para jogar Rock Band Green Day ou Guitar Hero Metallica, ou juntar o pessoal para tocar covers a toa?
Passa-Mal:
Acho que cada um tem lá seu valor. No carnaval desse ano juntei um monte de amigos e ficamos jogando Guitar Hero Metallica e World Tour até enjoar e quebrarem o prato da bateria. Isso é legal pra se fazer num apartamento e tal, é divertido, bêbado principalmente. 
Mas nenhum jogo supera o sentimento de entrar num estúdio e tocar covers com instrumentos de verdade, é outra coisa, só tem aquela dificuldade de todo mundo ter que saber as mesmas músicas...mas essa é a graça e a bebida dá um jeito nisso aí também.

Game'n'roll: Alguns músicos, como o Jack White e Jimmy Page, não gostam dos jogos musicais. Eles dizem que as pessoas deveriam passar mais tempo tocando instrumentos reais do ficar jogando. O que você acha disso?
Passa-Mal:
Entendo a opinião deles, concordo que instrumentos reais sempre serão infinitamente superiores, porque depois de aprender a tocar você pode criar suas próprias músicas e essa é a idéia. 
Tem gente que só aprende a tocar instrumento pra fazer cover, isso me irrita. Então melhor alguém que só toque covers com guitarrinhas de plástico e botões coloridos do que enchendo o saco em palcos. 
Mas em relação à diversão, acho que tanto faz, eu vejo esses jogos como um videokê ampliado, é outro jeito de curtir música. Eu toco, tenho banda e gosto de jogar guitar hero, não vejo como uma coisa pode eliminar outra.

Game'n'roll: Muito obrigado pela a entrevista. Então deixe um recado para o pessoal que visita o blog.
Passa-Mal:
Joguem mais jogos. Curtam mais shows. Fiquem mais loucos. Se divirtam nessa vida, é só o que sobra no final.


Links:
Twitter Do Passa-Mal
Fotolog
Blog Passa-Mal-icious
Lomba Raivosa no MySpace

quinta-feira, julho 22, 2010

#62 - Revanche - Fresno

A Fresno sempre foi uma banda que elogiei e admirei, e algumas vezes até defendi de críticas que achava injustas. Os caras me surpreenderam quando assisti a um show deles no inicio de 2007, na época a banda estava começando a ficar famosa junto com NxZero, virando ícones do “emo”, e aquela mídia toda. Discos muito bons, letras bem escritas, exageradas na medida certa, fácil identificação, mesmo que elas tenham Porto Alegre como cenário.

Enfim, recentemente a banda lançou o seu quinto disco, Revanche. O que posso dizer? A banda estava  indo num bom caminho, mas neste álbum, deu um grande deslize. Eu ainda estava bem ansioso para ver o resultado, pois o Lucas Silveira, ou Paraíba, tinha lançado o excelente Rise and Fall of Beeshop, trabalho solo excelente e surpreendente.
Realmente, não tem como negar que o quarteto gaúcho amadureceu e deixou mais pesado o som, criou grandes melodias. Porém, o que mais me chama atenção em qualquer banda, o conteúdo das letras, para mim, deixou muito a desejar, mas isto eu comento mais adiante.

Revanche, música que abre o disco, ainda faz lembrar a banda do disco anterior, Redenção. Uma boa letra, ótimos back vocals, dá até uma empolgada. Deixa O Tempo, o single do disco, reflete um pouco de como é o disco, misturando momentos calmos com outros de peso. Esteja Aqui, parece mais uma música antiga da banda que foi adaptada para os novos rumos da banda.

Estas três músicas, a príncipio, fizeram achar que o disco estava indo muito bem, em letras e melodias, porém, me enganei. Die Lüge, já começa com um clima meio estranho, uma letra extremamente exagerada, Lucas dando muito agudos, até que solta um das rimas mais bizarras que já ouvi: “E eu me contento com o que sobrou/ Eu como o pão que o diabo amassou/ Mas eu não divido com você nem um segundo/ do que me resta a viver.” E depois continuou com: “Achou que ia arrasar mais de mil caras afim/
Mas qualquer um pode ver que você é de mentira”. Parece uma letra feita as pressas, que infelizmente, caiu na mesmice de outras bandas que andam fazendo sucesso.

Algumas músicas como, Eu Sei e a excelente Porto Alegre, sem dúvida a melhor do disco, ainda conseguem manter um pouco da qualidade, na musicalidade e em algumas partes inspiradas nas letras, porém, o disco acaba se tornando uma montanha russa, com vários altos e baixos.
E como uma montanha russa, o disco acaba meio por baixo. Canção Da Noite (Todo Mundo Precisa De Alguém), encerra o álbum, e talvez traduz muito bem o meu ponto de vista. Uma letra bem inspirada, contanto fatos que costumarm acontecer com qualquer pessoa, como comentei no inicio, aquela letra fácil de se identificar. Mas ao chegar ao refrão, a música se perde com um coro desnecessário, chega a ser engraçado de tão estranho que ficou.

Revanche, como eu já disse, é um disco cheio de altos e baixos, um pouco difícil encontrar as letras inspiradas em meios a outras letras que parecem ter sido feitas as pressas. Quanto a parte melódica, não tenho do que reclamar, a Fresno mostrou um peso que surpreendeu várias pessoas. Não vou entrar no mérito de criticar as mudanças que o Rick Bonadio faz nas bandas, por que isso já ficou batido, mas posso dizer que a banda tem um grande potencial e podia mostras muito mais que um disco tão sem sal como o Revanche.

sábado, julho 17, 2010

#61 - Nem todo filme de herois são iguais...

Este ano o cinema recebeu um filme que foge ao padrão comum de filmes inspirados em quadrinhos, mas felizmente Hollywood não se contentou com um só filme e lançou outro, para alcançar diferentes tipos de público. 
Primeiro começou com Kick-Ass, inspirado nos HQs violentos de Mark Millar e John Romita Jr. E em Outubro, chega aos cinemas brasileiros Scott Pilgrim contra o Mundo, inspirado nas historias de Bryan Lee O’Malley.

Bom, e daí? Ultimamente, existem tanto filmes inspirados em HQs. Watchmen, os filmes blockbuster da Marvel e os excelentes Batman. A diferença entre os grandes filmes de super heróis para Scott Pilgrim e Kick-ass, é que eles tentam fugir dos clichês dos blockbusters, usando diversas referências do mundo das histórias em quadrinhos, vídeo games e música, ficando mais perto do público Nerd em geral.

Para quem ainda não viu, ou não sabe da história de Kick-Ass, é muito simples de explicar. Quem nunca pensou em se vestir como um super heroi e sair na rua combatendo o crime? Bem, Dave Lizewski teve essa ideia e colocou em pratica, mesmo não tendo nenhum super poder ou um cinturão cheio de utilidades.
Nas revistas, a história se torna mais violenta e tem alguns rumos diferentes do filme, mas as adaptações foram boas, talvez para dar mais sentido aos eventos. 

Nas telonas, faltou explorar ainda mais a vida do Big Dad e Hit Girl, outros personagens que encarnam a vida de herois, sem poderes. Alias, em ambas as mídias, a Hit Girl rouba a cena, afinal, não é todo dia que você vê uma garota de onze anos dando surra em um monte de marmanjo, sem dó nem piedade.

 As referências sobre herois e o mundo Nerd são imensas, como a comparação da vida de Dave com Peter Parker ou Clark Kent. Dave costuma encontrar seus amigos em cyber cafés ou loja de quadrinhos, além de acompanhar Lost e Heroes, usa o MySpace para receber pedidos de ajuda para o Kick-Ass, e estas coisas aproximam que está lendo, ou assistindo, pois não é um mundo tão distante da nossa realidade.


Scott Pilgrim Contra o Mundo tem uma história um pouco mais absurda, e as referências circulam mais para o mundo dos games que dos HQs como o Kick-Ass. Imagine encontrar a garota (ou garoto) da sua vida, se apaixonar, mas para poderem viver tranquilamente, ter que enfrentar todos os ex-namorados do mal da sua amada. Este é o desafio de Scott para poder manter seu romance com Ramona Flowers.
Enquanto o HQ, a primeira impressão é que os desenhos são bem simples, o pouco que foi apresentado nos trailers, mostra o visual bastante fiel as revistas, que vai ter a última edição para ser lançada esta semana.

Um dos exemplos da fidelidade, é quando, no trailer, mostra Pilgrim saindo na mão com um dos ex-namorados e a contagem de hits, assim como acontece em jogos de lutas, uma das referências gamisticas. Depois, nos HQs, é possível ver Scott jogando vídeo-game boa parte de sua vida de desempregado, e algumas vezes se referindo a Sonic, Mario e Donkey Kong, muitas vezes servindo de inspirações para diálogos e piadas.

Já as referencias músicas estão bem presentes, como Pilgrim com uma camiseta do Smashing Pumpkins, alguns nomes de bandas que aparecem na história: Crash and The Boys, que lembra The Clash e The Boys, duas bandas punks britânicas. Uma curiosidade em relação a influência musical é que, para o filme, o cantor Beck criou algumas musicas para trazer para a realidade as bandas fictícias da história.
Pena que o filme só vai estrear por aqui, dois meses depois do lançamento oficial na gringa, que será no mês que vem. Por enquanto, vale a pena investir um pouco a mais e ir lendo o HQ lançado no Brasil pela Quadrinhos da Cia.

Seria estranho não comparar as duas histórias, no meu ponto de vista: Kick-Ass é aquele filme que você deve se juntar com todos aqueles amigos que jogam Magic ou qualquer outro RPG e desfrutar de um pouco de violência e depois comentar o filme, do mesmo jeito que Dave faria com os seus amigos.
Scott Pilgrim Contra o Mundo, com certeza será um filme que você poderá levar sua namorada, pois é quase uma comédia romântica com ação, mas possui vários elementos humorísticos nerds, que vão agradar a todos, mesmo sem muito conhecimento deste mundo.

Para encerrar, os dois quadrinhos, e aposto que os dois filmes, são excelentes para quem não está com paciência ver Homem de Ferro, Batman, Homem Aranha, entre outros herois consagrados. Sempre é bom conhecer novos herois que estão muito próximos aos nossos mundos, que gostam das mesmas coisas que nos gostamos de ouvir, jogar ou ler.

domingo, julho 04, 2010

#60 - Sublime...With Rome?

Nos últimos dias surgiu a noticia da vinda do Sublime para o Brasil através do Festival Start With U, aquele festival que era para ser o Woodstocke mudou de nome, mas mantendo a mesma intenção, música e cultura. Enfim, vocês devem estar informados dele. Fique assustado com a quantidade de gente que ficou feliz e ansiosa para ir assistir Sublime, ou melhor Sublime With Rome. Porém, a pessoa que vos escreve, não se empolgou tanto com apresentação

Vou contar um pouco da hístoria da banda que fez um enorme sucesso no meio dos anos 90, participando de diversos festivais de skate, surf e até mesmo a famosa Vans Warped Tour, tocando um som que misturava Reggae, Ska, Punk Rock, Hip Hop, Surf Music e o que melhor poderiam extrair de diversos estilos. O sucesso da banda era tão grande que para gravar o último disco, auto enitulado, a banda demorou anos para poder entrar em um estúdio por causa da agenda sempre lotada. 

Infelizmente, em Maio de 1996, duas semanas antes do disco ser lançado, Bradley Nowell (foto); vocalista, guitarrista, principal compositor da banda; foi encontrado morto em um hotel em São Francisco. Causa da morte: overdose de heroína. Nowell não pode ver o sucesso que o disco fez ao ser lançado, recheado de músicas que com certeza, muitos que estão lendo devem ter ouvido uma vez na vida, como What I Got e Santeria.


Após a morte de Nowell, os membros remanescentes, o baixista Eric Wilson e o baterista Bud Gaugh, resolveram que não iriam continuar a tocar com o nome Sublime. Montaram o Long Beach Dub Allstars, lançando dois ótimos discos com diversas participações como H.R. do Bad Brains e Fletcher Dragge do Pennywise.

No começo de 2009, os fãs de Sublime tiveram uma surpresa. Após alguns shows de “reunião”, voltando a usar o nome original da banda, e algumas semanas depois, Gaugh anunciou o novo vocalista e guitarrista, Rome Ramirez (foto), de 20 anos, o mesmo tempo de existência do trio.
Até então, ainda desconhecido, como algumas pessoas falaram, o gordinho e tímido Ramirez se apresentou com a banda no Festival Smockout, organizado pelo os membros da banda Cypress Hill. É possível encontrar pela Internet vídeos e até um bootleg deste show.
Dias antes da apresentação no festival, a família de Nowell recorreu a justiça, pois o nome Sublime foi registrado como marca do falecido vocalista e guitarrista da banda, a partir de então, o trio foi obrigado a se apresentar como Sublime with Rome.

História contada, agora vamos a minha opinião.
Como fã do Sublime, fiz questão de ouvir o bootleg que circulava pela Internet. Não irei mentir que foi assustador ouvir a voz de Ramirez que se assemelha bastante à voz de Nowell, além de tocar bem, tem um certo carisma com os antigos fãs. Algumas pessoas que não conhecem bem a banda podem até se confundir. Só faltava o rapaz ter um dalmata considerado membro da banda, igual o famoso Lou Dog (foto), cachorro de Nowell. Até ai, sem problemas.

Agora vamos aos poréns.
Sempre é legal ver bandas voltando, fazendo reuniões. Mas, fica bem difícil de engolir quando um dos membros da banda já faleceu. Ainda mais difícil quando a imagem da banda assemelha-se a pessoa que não está entre nós. Por exemplo, caso o Nirvana resolvesse voltar a tocar e colocassem um outro cara no lugar do Kurt Cobain. 
Algumas bandas até deram certo, como foi o caso do Queen com Paul Rodgers, que não agradou a todos, mas teve um grau de sucesso, mesmo com Brian May falando que não era uma substituição por Freddy Mercury.

Confesso que tenho uma grande curiosidade de ver as apresentações com o Rome Ramirez, porém eu não conseguiria deixar de fazer comparações com Nowell, mesmo não tendo a oportunidade de ter visto a banda com a formação original. Para mim, ainda ficará a sensação de que houve uma substituição, que são apenas dois terços da banda original e um convidado com uma voz parecida com o original. Uma espécie de uma banda cover para fazer homenagem a antiga banda.

Reforçando, gostaria sim de assistir o show do Sublime With Rome, porém, não em um grande festival como será o Start Wih U, cujo tempo das bandas são reduzidos, deixando-os muito limitados, além de não ter atrações que me chamem atenção suficiente para ir até Itu. Mas isso é tema para um outro post.

quinta-feira, julho 01, 2010

#59 - Amigo do Tempo

O Mombojó sempre foi considerado os herdeiros do mangue beat, seguidores de Chico Science, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Sempre chamando atenção da mídia e mostrando que Recife continua sendo criativa, mesmo depois de ter sido considerada a pior cidade do mundo para se viver.
Depois de lançar dois discos bastante elogiados, Nadadenovo (2005) e Homem-Espuma (2006), e algumas mudanças na formação, a lamentável morte do flautista Rafael Virgilio e a saída do violonista Marcello Campello, este ano a banda lançou o disco Amigo do Tempo, além de voltar à independência e liberar o disco na íntegra e de graça para quem quiser ouvir no seu site, que além do recente disco pode encontrar os discos mais antigos e ensaios para fazer download.

Foram três anos trabalhando neste novo álbum, dividindo-se entre os shows da própria banda e do Del Rey, projeto paralelo dos integrantes da banda junto com o cantor China, velho amigo da banda, fazendo covers de Roberto Carlos. Portanto, algumas músicas não são tão inéditas para quem acompanha a banda bem de perto.
Mas para quem está de fora ou conhece os primeiros trabalhos da banda, sentirá algumas diferenças entre os antigos discos. As saídas dos integrantes acabaram por dar uma enxugada no som, talvez esse seja o principal contraste. O disco em si é muito mais calmo que os anteriores, o disco navega por varias influências, a faixa-título despertará em algumas pessoas a sensação de ser uma versão de alguma música de Jorge Ben Jor, seja pela levada tranquila ou pela letra.

Letra é uma coisa que se destacou bastante neste disco, as brincadeiras com rimas e palavras que acontecia nos primeiros discos, fato assumido pelo vocalista Felipe S no primeiro DVD da banda (Toca Brasil Nadadenovo), dá lugar letras muito mais bem construídas, poesias que devem ter sido facilmente transformadas em músicas. Bons exemplos disso são as letras de Casa Caiada, Justamente e Praia da Solidão.
Uma das minhas surpresas, e uma das minhas músicas preferidas do disco foi Antimonotonia, letra extremamente simples, uma melodia animadora, que juntando as peças faz as pessoas refletirem sobre a monotonia que toma conta do cotidiano delas, a repetição que vai fazendo a pessoa cansar de sempre fazer os mesmos programas.

O disco não é totalmente parado, vale destacar a última faixa do disco, Papapa. Encerra muito bem o disco, depois de diversas músicas reflexivas e algumas depressivas, ela tão um tom otimista, mais alegre. Normalmente em shows, a banda chama algumas pessoas da platéia para fazer uma dancinha enquanto a banda toca esta música.

Para concluir, Amigo Do Tempo, exibe bem o amadurecimento do Mombojó, mostrando que superou as perdas dos integrantes, achou um som que definisse melhor a cara da banda mesmo com todo aquele carrossel de ótimas influências que o quinteto de Recife tem.

Links:
Site oficial.
MySpace.

Fotos: Laís Sampaio.