quinta-feira, julho 01, 2010

#59 - Amigo do Tempo

O Mombojó sempre foi considerado os herdeiros do mangue beat, seguidores de Chico Science, Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Sempre chamando atenção da mídia e mostrando que Recife continua sendo criativa, mesmo depois de ter sido considerada a pior cidade do mundo para se viver.
Depois de lançar dois discos bastante elogiados, Nadadenovo (2005) e Homem-Espuma (2006), e algumas mudanças na formação, a lamentável morte do flautista Rafael Virgilio e a saída do violonista Marcello Campello, este ano a banda lançou o disco Amigo do Tempo, além de voltar à independência e liberar o disco na íntegra e de graça para quem quiser ouvir no seu site, que além do recente disco pode encontrar os discos mais antigos e ensaios para fazer download.

Foram três anos trabalhando neste novo álbum, dividindo-se entre os shows da própria banda e do Del Rey, projeto paralelo dos integrantes da banda junto com o cantor China, velho amigo da banda, fazendo covers de Roberto Carlos. Portanto, algumas músicas não são tão inéditas para quem acompanha a banda bem de perto.
Mas para quem está de fora ou conhece os primeiros trabalhos da banda, sentirá algumas diferenças entre os antigos discos. As saídas dos integrantes acabaram por dar uma enxugada no som, talvez esse seja o principal contraste. O disco em si é muito mais calmo que os anteriores, o disco navega por varias influências, a faixa-título despertará em algumas pessoas a sensação de ser uma versão de alguma música de Jorge Ben Jor, seja pela levada tranquila ou pela letra.

Letra é uma coisa que se destacou bastante neste disco, as brincadeiras com rimas e palavras que acontecia nos primeiros discos, fato assumido pelo vocalista Felipe S no primeiro DVD da banda (Toca Brasil Nadadenovo), dá lugar letras muito mais bem construídas, poesias que devem ter sido facilmente transformadas em músicas. Bons exemplos disso são as letras de Casa Caiada, Justamente e Praia da Solidão.
Uma das minhas surpresas, e uma das minhas músicas preferidas do disco foi Antimonotonia, letra extremamente simples, uma melodia animadora, que juntando as peças faz as pessoas refletirem sobre a monotonia que toma conta do cotidiano delas, a repetição que vai fazendo a pessoa cansar de sempre fazer os mesmos programas.

O disco não é totalmente parado, vale destacar a última faixa do disco, Papapa. Encerra muito bem o disco, depois de diversas músicas reflexivas e algumas depressivas, ela tão um tom otimista, mais alegre. Normalmente em shows, a banda chama algumas pessoas da platéia para fazer uma dancinha enquanto a banda toca esta música.

Para concluir, Amigo Do Tempo, exibe bem o amadurecimento do Mombojó, mostrando que superou as perdas dos integrantes, achou um som que definisse melhor a cara da banda mesmo com todo aquele carrossel de ótimas influências que o quinteto de Recife tem.

Links:
Site oficial.
MySpace.

Fotos: Laís Sampaio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário